Celebrados por seu olhar único, vívido e íntimo sobre a arquitetura em seus filmes, Ila Bêka e Louise Lemoine romperam com a representação tradicional da arquitetura, optando por seguir pessoas que vivem dentro de edifícios, concentrando-se nelas em vez de registrar estruturas vazias. Em um recente vídeo, o Louisiana Channel entrevista o cineasta e arquiteto italiano Ila Bêka, que discute o ritmo da vida cotidiana nos projetos de arquitetura contemporânea e sua importância no desencadeamento de emoções.
Sentimos que o movimento dentro da arquitetura é muito importante para entender como a ela funciona.
– Ila Bêka
Bêka fala sobre uma seleção de filmes (compilados da série Living Architectures) que desencadeou uma resposta emocional das pessoas que usam o espaço diariamente. Ele queria ir além da imagem pitoresca oferecida pelos proprietários dos edifícios, dos arquitetos ou das revistas, e focar na proporcionalidade, funcionalidade e resposta emocional à arquitetura.
A entrevista começa com um olhar profundo sobre a vida da empregada doméstica da casa em Bordeaux, de Rem Koolhaas, e sua dificuldade em limpar algumas áreas da casa. O casal de cineastas passou duas semanas observando a governanta e seguindo seus movimentos diários na esperança de entender a circulação do espaço e o quão bem o prédio flui. Bêka afirma que "quando você quer pensar em um novo prédio, você tem que pensar em pessoas limpando-o, pois isso também acontece."
Bêka descreve sua jornada de 21 dias na 8 House do BIG, observando plantas, animais e crianças. As crianças foram cruciais em sua observação, pois não entendem as regras da arquitetura. Em vez disso, as crianças sentem o espaço e se movem com base em sua resposta emocional, o que ajudou Bêka & Lemoine a entenderem o espaço de modo mais deliberado.
Em seguida, a dupla procurou alguém que tivesse um relacionamento forte com um espaço; alguém que não podia morar em outro lugar porque o edifício fora feito sob medida, e foi por isso que escolheram estudar a Casa Moriyama. O casal notou que Yasuo Moriyama, dono da casa, lia livros em diferentes lugares da residência, apenas para perceber que cada lugar refletia um certo humor apresentado nos livros que lia. Moriyama tinha uma relação poética com o espaço, afirma Bêka, o que levou a dupla a destacar esses momentos e transformá-los em uma coleção de observações que as pessoas não veem com muita frequência.